Cássio Markowski é o artista apresentado nessa semana, dentro do programa de parcerias da Rede Choque, com destaque para nossos parceiros de Florianópolis: o Armazém e Coletivo Elza. A curadora convidada para nos apresentar as artistas do Armazém e Coletivo Elza é Juliana Crispe.
O processo criativo de Cássio Markowski tem como disparo narrativas autobiográficas e ficcionais onde suas características étnicas e culturais surgem como questões, compondo imagens conceituais que abordam aspectos relacionados à memória, identidade, infância e natureza.
Para o artista “a apropriação de imagens é o ponto de partida para uma prática cuja intenção é criar um fluxo entre o que me é pessoal e o que é global, entre o presente e o passado. Influenciado desde cedo pela literatura, costumo trabalhar com imagens retiradas de livros de botânica, história natural, manuais variados, internet, anúncios, jornais, revistas e fotos de família. Ao combinar essas imagens com palavras e formas geométricas, estas são recodificadas e passam a compor um território onde uma particular memória emocional surge como um fio condutor.”
Em seus trabalhos, a prática inventiva emprega técnicas e meios como desenho, instalação, fotografia, vídeo, colagem, gravura e pintura. Cássio tem como costura para suas obras, não apenas as aqui apresentadas, a ausência como procedimento para a fabulação.
Essa Fabulação cria dobras no cruzamento entre ficção e realidade, fazendo assim o artista surfar em ritmos, que pretendem criar vibrações e velocidades lentas, produzindo imagens em que a falta é preenchida também pelo olhar do espectador. Para que possamos dar conta das diferentes camadas existentes no trabalho de Cássio Markowski ele nos convida para um meticuloso mergulho através das lacunas e passagens existentes em suas obras.
Como em um palimpsesto, cada obra-memória nos permite passar de um presente a outro, em uma condição de coexistência entre várias camadas-tempo, acumulando e propagando nossas reminiscências, fabulares e reais.
Cássio funde extensões por onde cada dimensão não existe senão em sua diferença em relação às outras, nos corpos difusos, no jogo de aparição e desaparição.
Entre a natureza, o humano, o orgânico e inorgânico há uma conexão paradoxal, em que o procedimento desta reunião disjuntiva, ao mesmo tempo em que separa as camadas, deixando-as flutuantes, nos traz uma maquinaria que nos aproxima ainda mais da produção do artista.
No interstício entre signo e sentido Cássio faz em seus trabalhos uma subversão do signo artístico tornando-o um signo imaterial, arrancando sua organicidade, criando elementos maquínicos, que despersonalizam a experiência do tempo tornando sua obra familiar e próxima. O artista des-dobra em cada corpo sentidos e afecções.
Cássio produz esses instantes que se tornam efeito de uma máquina literária, acionada pela imagem, onde cada obra engendra um espaço-tempo próprio a partir dessa memória de imagens sensíveis construída pelo artista.
Se a fabulação rasga a realidade com a vida, para Cássio, em suas operações, tal qual um cientista em seu laboratório a juntar elementos, ela recria vidas, sem se abster da essência da matéria para falar também sobre o impalpável.

Mãe, 2020 | Série Oceano sem Fim. Desenho com marcador e tinta acrílica sobre papel recortado 300g, fixados com alfinetes entomológicos sobre painel. 70×50×8cm

As leitoras, 2020 | Série Oceano sem Fim. Desenho com marcador sobre papel recortado 300g, fixados com alfinetes entomológicos sobre painel. 70×50×8cm

Hope, 2020. Desenho com marcador e tinta acrílica sobre papel recortado 300g, fixados com alfinetes entomológicos sobre painel. 47×34×8cm

O Tanque, 2019 | Série Contos tropicais. Silhuetas de papel recortadas, pintadas com tinta spray e fixadas com alfinetes entomológicos sobre painel. 49×37×6,5cm

U.P.P., 2019 | Série Contos tropicais. Silhuetas de papel recortadas, pintadas com tinta spray e fixadas com alfinetes entomológicos sobre painel. 49×37×6,5cm

A Reunião, 2019 | Série Contos tropicais. Silhuetas de papel recortadas, pintadas com tinta spray e fixadas com alfinetes entomológicos sobre painel. 51×73×6,5 cm

Falcões, 2019 | Série Contos tropicais. Silhuetas de papel recortadas, pintadas com tinta spray e fixadas com alfinetes entomológicos sobre painel. 51×73×6,5 cm

Espada de S. Jorge, 2018 – Série Paraíso Perdido. Óleo, tinta spray (esmalte sintético) sobre madeira. 80cm de diâmetro

Búzio, 2018 / Série Paraíso Perdido Óleo, tinta spray (esmalte sintético) sobre madeira. 80 cm de diâmetro

O bom menino, 2017. Edição limitada de / 35 + 3 Provas do Artista. Impressão em Fine Art, pigmento mineral sobre papel algodão, 310g. 42×29,7cm. Obra presente no acervo do Projeto Armazém.

Jardim Flutuante, 2016 Impressão Jato de tinta sobre papel. 60x80cm Obra presente no acervo do Projeto Armazém.

As leitoras I, 2016. Edição limitada de / 35 + 3 Provas do Artista. Impressão jato de tinta sobre papel algodão, 310g. 42 x 29,7cm

Porque se vuelve blanca una liebre, 2013. Fotografia Impressão Jato de Tinta sobre papel algodão, 310g. 140x80cm (cada)
Lebre, ano 2013. Vídeo Arte, duração: 09 ‘’Looping
Wiosna Primavera, ano 2013. Vídeo Arte, duração: 57”
Contato, ano 2006. Vídeo Arte, duração: 2’11”
Cássio Markowski / CM11 nasceu em Guaratinguetá/SP em 1972. É um artista brasileiro que hoje vive e trabalha em Portugal, tendo passado alguns anos residindo e trabalhando na Polônia e na Espanha.
Possui Bacharelado em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis e também concluiu o mestrado em Pesquisa e Criação em Artes pela Universidade do País Basco (Espanha).
Exposição Contos Tropicais, ano 2019, duração: 3’21. Direção e câmera: José Pando Lucas. Produção: Underdogs Art Store, Solid Dogma. Entrevista: Miguel Moore, Mariana Mesquita. Música: Cássio Markowski